Nutrição e Saúde Animal

O Impacto das Micotoxinas na Etapa de Terminação de Suínos

A produção suína está no centro da agroindústria mundial, alimentando milhões de pessoas e movimentando bilhões em economia global. No entanto, desafios significativos ameaçam a eficiência e a rentabilidade desse setor, especialmente durante a etapa da terminação, uma das fases mais críticas do ciclo produtivo dos suínos. Entre esses desafios, destacam-se as micotoxinas, substâncias tóxicas produzidas por fungos que contaminam os grãos e rações utilizadas na alimentação animal.

Nesta fase final do ciclo de produção, em que o desempenho zootécnico do animal é decisivo para a lucratividade da cadeia, as micotoxinas podem acarretar impactos severos, influenciando a saúde, o ganho de peso e a qualidade da carne. Este texto aborda de forma detalhada como essas toxinas afetam a terminação de suínos e quais estratégias podem ser adotadas para manter a produtividade em alta, mesmo diante desse problema silencioso, mas letal.

 

As Micotoxinas: Um Perigo Invisível no Campo

As micotoxinas são compostos secundários de fungos de espécies como Aspergillus, Fusarium e Penicillium. Comumente encontradas em grãos como milho, trigo e soja, essenciais para formulação de rações, essas toxinas não apenas reduzem a qualidade do alimento, mas também afetam diretamente a saúde dos suínos.

Entre as micotoxinas mais prevalentes na suinocultura estão:

  1. Aflatoxinas: Conhecidas por sua toxicidade aguda e capacidade de danificar o fígado.
  2. Zearalenona (ZEA): Afeta o sistema reprodutivo por seu forte efeito estrogênico.
  3. Fumonisinas: Associadas a problemas respiratórios em animais.
  4. Deoxinivalenol (DON ou vomitoxina): Reduz o consumo de ração, impactando diretamente o ganho de peso.
  5. Ocratoxina A: Impacta negativamente a função renal.

 

O Ciclo de Terminação: A Fase Mais Crítica

Na suinocultura, a etapa de terminação é a fase em que os animais atingem o peso final antes do abate, normalmente entre 70 kg e 130 kg. Nessa fase, o foco principal é o máximo ganho de peso diário (GPD), associado a uma conversão alimentar eficiente e à qualidade da carcaça.

Entretanto, a presença de micotoxinas na ração atua como um fator de estresse que compromete vários sistemas do organismo suíno. A etapa de terminação, por ser caracterizada por alto consumo de alimento, torna os animais particularmente vulneráveis ao impacto dessas toxinas.

Efeitos negativos das micotoxinas na terminação:

  • Redução no consumo de ração: O DON, por exemplo, causa perda de apetite, impactando diretamente o ganho de peso.
  • Imunossupressão: Torna os suínos mais suscetíveis a infecções virais e bacterianas.
  • Aumento dos índices de morbidade e mortalidade: Animais intoxicados apresentam maior dificuldade em superar doenças e outros desafios ambientais.
  • Impacto na conversão alimentar: Com menor eficiência nutricional, o custo por quilo ganho no período de terminação aumenta.

Esses fatores juntos comprometem a rentabilidade da operação, gerando prejuízos significativos para os produtores.

 

Impactos Econômicos Diretos e Indiretos

Um dos aspectos mais alarmantes das micotoxinas é o impacto econômico. Calcula-se que a contaminação por micotoxinas pode reduzir a eficiência produtiva em até 20% durante a etapa de terminação, dependendo da severidade dos níveis de contaminação.

Impactos econômicos diretos:

  • Custo adicional de medicação devido ao aumento de doenças.
  • Perda de peso final: Os suínos não atingem o peso ideal esperado antes do abate.
  • Redução da qualidade da carcaça, levando à desvalorização no mercado.

Impactos econômicos indiretos:

  • Menor retorno sobre os investimentos em nutrição e saúde.
  • Percepção negativa da qualidade por parte de processadores e consumidores.
  • Impactos a longo prazo nas taxas de reprodução do plantel, ligados a efeitos residuais de toxinas acumuladas.

Com isso, fica evidente que abordar o impacto das micotoxinas não é apenas uma questão de eficiência zootécnica, mas também de sobrevivência econômica para os produtores.

 

Estratégias de Controle: Da Ração à Produção Final

Embora as micotoxinas representem uma ameaça constante, existem estratégias eficazes para mitigar seus impactos e garantir a lucratividade:

  1. Monitoramento rigoroso da ração: É essencial realizar análises frequentes para identificar e quantificar micotoxinas presentes nos ingredientes alimentares e nas rações finais.
  2. Uso de aditivos antimicotoxinas: Este é o método mais comum e eficiente para reduzir os efeitos tóxicos. Adsorventes e componentes biotransformadores podem mitigar o impacto das micotoxinas no trato digestivo.
  3. Boas práticas de armazenamento: Garantir condições adequadas de umidade e temperatura é fundamental para evitar a proliferação de fungos.
  4. Seleção de ingredientes de alta qualidade: Priorizar fontes confiáveis de matéria-prima pode reduzir os riscos de contaminação inicial.
  5. Gestão nutricional balanceada: Investir em aditivos como prebióticos, probióticos e fontes de antioxidantes reforça a imunidade e a saúde geral dos suínos, diminuindo os impactos de possíveis intoxicações.

Ao adotar essas medidas, os produtores não apenas protegem o desempenho dos suínos, mas também asseguram uma produção mais segura e confiável, alinhada às exigências do mercado consumidor.

 

Conclusão

O impacto das micotoxinas na etapa de terminação de suínos é uma realidade que não pode ser ignorada. Esses agentes silenciosos têm o potencial de comprometer a saúde animal, reduzir ganhos produtivos, e gerar prejuízos substanciais aos produtores.

Por outro lado, a conscientização e o uso de estratégias preventivas adequadas podem fazer a diferença entre o fracasso e o sucesso na suinocultura moderna. Monitoramento contínuo, boas práticas de nutrição e manejo, aliados ao uso de tecnologias como adsorventes, formam a base de um programa eficaz de controle de micotoxinas.

Nosso compromisso deve ser com uma produção sustentável e de alta performance, onde a saúde animal e a rentabilidade caminham lado a lado. Afinal, combater as micotoxinas é investir no futuro da suinocultura!

“A resistência e resiliência no campo começam pela prevenção. Proteja sua produção da ameaça invisível das micotoxinas.”

Published on

3 setembro 2025

Tags

  • Swine
  • Mycotoxins
  • Mycotoxin Deactivators

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